O advogado Ira Rothken, responsável por defender o site de compartilhamento de arquivos Megaupload, informou nesta terça-feira (31) pelo Twitter que as informações dos usuários serão preservadas por pelos menos mais duas semanas. O aumento do prazo da preservação dos dados deu-se após um acordo com a Carpathia Hosting e com Cogent Communications – empresas que guardam os arquivos.
"Carpathia e Congent concordaram em preservar os dados dos usuários por um tempo adicional de pelos menos duas semanas. Desta forma, o Megaupload pode trabalhar em um acordo com o Governo Americano", escreveu Ira Rothken no Twitter.
O FBI anunciou nesta segunda-feira (30) sobre a decisão de apagar as informações de milhares de usuários do Megaupload. No entanto, estima-se que os servidores do Megaupload – acusado de pirataria em massa – abrigam dezenas de milhares de informações legítimas, de usuários comuns que utilizavam o serviço para guardar arquivos pessoais ou simplesmente transmitiam arquivos grandes. Em reportagem do UOL Tecnologia, usuários brasileiros contam como ficaram na mão sem acesso ao serviço.
A Carpathia, uma das empresas americanas que guardam informações do Megaupload, informou em um comunicado que não têm acesso aos dados dos servidores do site de compartilhamento e que não têm nenhum tipo de mecanismo para liberar os dados “bloqueados pelo FBI” aos usuários. “Quem acredita que seus dados estão em nossos servidores, por favor, não entre em contato conosco”, diz a empresa.
O site é baseado em Hong Kong, mas alguns de seus servidores ficam na Virgínia – por isso os EUA teriam autoridade para agir, apagando parte dos dados. O Megaupload contrata empresas terceirizadas para armazenar o conteúdo, pagando por isso. Mas Ira Rothken, um dos advogados da companhia, afirmou no domingo (29) que esse pagamento não pode ser realizado porque as contas foram congeladas pelo governo. A data prevista para o “apagão” dos arquivos compartilhados pelos usuários era quinta-feira (2).
Rede de pirataria
As autoridades dos EUA tiraram o Megaupload do ar por considerar que o site faz parte de "uma organização delitiva responsável por uma enorme rede de pirataria virtual mundial" que causou mais de US$ 500 milhões em perdas ao transgredir os direitos de propriedade intelectual de companhias. Em resposta, os hackers do Anonymous atacaram sites do governo e de gravadoras, tirando-os do ar.
Kim Dotcom teve a liberdade sob pagamento de fiança negada e permanecerá na prisão até 22 de fevereiro, enquanto as autoridades dos Estados Unidos buscam sua extradição acusando-o de pirataria em massa. Segundo autoridades, o serviço rendeu a seu fundador, somente em 2011, US$ 42 milhões. A Justiça da Nova Zelândia congelou o equivalente a R$ 15,6 milhões em bens do fundador do site naquele país.
A casa onde ele foi preso está avaliada em US$ 30 milhões (cerca de R$ 52,7 milhões). Apesar de ter gasto cerca de R$ 5,7 milhões em uma reforma, a mansão não pertence a Dotcom: ele tentou comprá-la, mas não teve sucesso por causa de problemas na Justiça. Fez então um contrato de leasing com o proprietário.
Dotcom nasceu na Alemanha e tem também cidadania finlandesa. No entanto, tem residência fixa na Nova Zelândia e o site é baseado em Hong Kong -- lá o serviço Megaupload está barrado desde 2009. Os serviços do Megaupload também tinham sido anteriormente bloqueados na Índia e na Malásia.